Os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) estão
preparando um pacote de cortes de gastos que será anunciado em breve pelo
governo. As medidas foram apresentadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
e diversas reuniões com ministros estão sendo realizadas para ajustar os
detalhes.
Entre as áreas mais afetadas devem estar os ministérios da Previdência,
Trabalho e Emprego, Desenvolvimento Social, Saúde e Educação. Entre as mudanças
em discussão está a possibilidade de alterar a multa do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS) e o seguro-desemprego, utilizando parte da multa
rescisória para financiar o seguro-desemprego. Essa proposta enfrenta
resistência do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que já declarou ser contra
mudanças nos direitos trabalhistas.
Outro alvo de revisão é o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que
atende idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. O governo iniciou um
pente-fino no BPC, com novas exigências como registro biométrico e cruzamento
de informações para evitar fraudes.
Na área de educação, o governo considera mudanças no Fundo de Educação
Básica (Fundeb) e no programa Pé de Meia, que oferece incentivo para a
conclusão do ensino médio. Em saúde, há discussões sobre como incluir emendas
parlamentares no cálculo dos gastos mínimos do setor.
Outras propostas incluem revisão do abono salarial e do seguro-defeso,
benefício pago a pescadores artesanais durante períodos em que a pesca é
proibida. Lula recentemente sancionou uma lei permitindo o acúmulo do
seguro-defeso com o Bolsa Família, mas essa decisão pode ser revisitada.
Uma medida de corte que está sendo estudada é a limitação dos supersalários
no setor público, com potencial de gerar uma economia de R$ 5 bilhões em 2025,
mas que tem um impacto mais simbólico do que econômico. O governo pretende
alcançar uma economia total que seja, no mínimo, seis vezes maior que esse
valor.
Para que as medidas sejam implementadas, o governo considera enviar uma
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) ao Congresso, que exige maior quórum
para aprovação e uma tramitação mais longa. A ideia é iniciar essas discussões
ainda em 2024 e concluir no primeiro semestre de 2025.
Uma reunião ministerial foi convocada para esta quarta-feira (6), com a
presença do vice-presidente Geraldo Alckmin e de vários ministros, onde o tema
dos cortes deve estar na pauta, apesar de o encontro não ser focado
exclusivamente nisso.
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